Polissídentos, antíteses e metáforas bem caberiam numa conexão dialética entre os substantivos ora equacionados. Mas, podem também ser sintetizados em uma polaridade unicista. Enquanto a política se reporta a uma sistematização e organização da polis, a politicalha se ocupa da ruptura e fragmentação dessa estrutura.
Ao que a primeira tem como âmago a pluralidade de escolhas e a indicação eleitoral pelo voto, a outra encontra sua raiz nos bastidores do poder. Sobrepuja os resultados das urnas, aniquila a vontade popular, deprecia a coletividade e privilegia um grupo de seleta imoralidade. Ao que Abraham Lincoln, já advertia: “Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por a prova o caráter de um homem, dê-lhe o poder”.
A politicalha é o efeito reverso da política, mas não deixa de ser também o coadjuvante. Sem o cenário principal não se amolda o personagem secundário. Não existe por si só, ela é decorrente de um processo político regrado, com liberdade de escolha, de escrutínio imparcial, de divulgação, publicidade e efeito erga omnes. É a partir desses requisitos que se forma a vontade reflexa negativa. A antítese do certo.
Nessa dicotomia de preceitos estabelecidos há de se questionar pela causa - conseqüência desses bastões da sociedade democrática. Numa assertiva apócrifa de Platão em que: “a política propriamente dita seria a arte de saber conduzir os homens”, se reconhece um requisito. E, o outro pela expressão de compatibilidade usada por Lincoln: “ Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento”. Platão consagra o conhecimento e Lincoln o instrumento de mandato eletivo, o voto.
E, qual é a célula social do conhecimento? O pilar dos pilares? A educação. Não há outra ferramenta disponível de acesso fácil, direto e gratuito melhor que os bancos escolares. É nesse lugar chamado escola que as regras de socialização se afirmam, os valores tomam forma e o aprendizado evolui. Tornam-se bens indisponíveis e inalienáveis. E só prescrevem se você deixar de buscar mais e mais conhecimento. Do contrário, são cláusulas pétreas, sem características de imutabilidade.
Quanto ao consentimento proclamado por Lincoln, este assume sua relevância em ano eleitoral. No momento de votar o eleitor transfere uma procuração com amplos poderes ao seu candidato. O Outorgante constitui como Outorgado o representante federal, estadual ou municipal, e como tal deve exigir o cumprimento desse instrumento de mandato. E, jamais pecar por omissão, pois a conduta omissiva permite aos outros a possibilidade de escolher por nós. E, esses outros podem ser aqueles que na essência representam a desmoralização, a ética maculada, os interesses individuais e a constituição de um poder paralelo silente, cheio de ramificações.
Por isso, nessas eleições preserve a potencialidade do seu voto e “aceita o conselho dos outros, mas nunca desista da sua opinião”( William Shakespeare).
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